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O que é a taxa Selic?

Entenda como ela afeta o mercado imobiliário e a sua vida


Especialista detalha como a alta dos últimos anos pode impactar na aquisição da casa própria e na vida dos brasileiros; COPOM se reúne e define novo aumento na primeira reunião de 2022


O que é taxa Selic?

È a taxa básica de juros brasileira, tem muitos efeitos no dia a dia do consumidor, assim como as taxas de juros básicas determinadas pelas autoridades monetárias em todo o mundo. É possível dizer que ela funciona como principal instrumento de controle da inflação.

Um deles, a taxa de juros de crédito, tem relação com a casa própria: quando os juros estão em baixa, muitos brasileiros aproveitam para financiar imóveis, por conta do menor custo de crédito cobrado pelos bancos.

Quando esse efeito é contrário, o crédito fica mais caro, há menos concessão, o que freia o mercado imobiliário residencial de compra e venda e os investidores passam a aplicar seu dinheiro em renda fixa, que oferece retornos maiores que o mercado imobiliário que fica entre 7% ao ano.

Para entender melhor essa dinâmica, Pedro Tenório, economista da DataZAP+, braço de inteligência do ZAP+, explica a funcionalidade da Selic, que alcançou recentemente 9,25%, e como a alta impacta na aquisição da casa própria.

O que é a taxa Selic?

“É o que chamamos de taxa básica de juros brasileira. Taxa básica, porque ela é um custo comum a todas as operações bancárias de crédito, ou seja, para a mesma operação de crédito, quanto maior for a taxa Selic, maior o custo incorrido pelo banco”.

Como chegamos ao nível recorde da Selic?

Para entender o nível recente da taxa Selic é necessário voltar à 2015 e 2016. A crise econômica resultou da insustentabilidade fiscal que alcançamos ao fim de 2014. A interpretação padrão é de que o ciclo virtuoso dos anos 2000 se esgotou já no fim da década e o governo passou a usar o gasto público para impulsionar o crescimento econômico.

Desta forma, ao fim de 2014, a dívida pública tinha crescido fortemente, enquanto não houve contrapartida significativa em termos de crescimento econômico. O aumento do gasto público sem contrapartida produtiva implicou em aumento do nível da inflação. Por isso, em 2015 e 2016, a taxa Selic foi elevada rapidamente para conter a inflação. Somou-se à crise fiscal, questões políticas e também uma crise de credibilidade econômica devido ao quadro institucional que controla as decisões de gasto público no País.

Com o Teto de Gastos aprovado no 2º semestre de 2016, a questão institucional sobre as perspectivas fiscais apontou uma melhora. No entanto, a medida apenas estancou a crise. Ainda faltava resolver o esgotamento do ciclo de crescimento dos anos 2000. O consenso é de que as famosas reformas estruturais são o caminho para um novo ciclo de crescimento.

Devido à fragilidade política em que os governos se encontravam, relativamente poucas reformas estruturais foram para frente. Entre elas, temos o próprio Teto de Gastos, a Reforma da Previdência, a Reforma Trabalhista e os marcos regulatórios, dos quais se destaca o do Saneamento Básico.

“É um conjunto relativamente modesto de reformas dado o quadro que o País se encontra: sem capacidade de investimento público em decorrência do quadro fiscal, alta carga tributária e taxas de juros relativamente altas em relação aos países desenvolvidos”, afirma Tenório.

De acordo com Pedro, uma vez controlada a inflação (pelo aumento da taxa Selic e pelo Teto de Gastos) em 2017, foi possível diminuir a Selic. Outro ponto reforçado por ele, foi o fraco desempenho econômico desde então (entre 2017 e 2019 a média de crescimento anual ficou abaixo 1,5%, após perda de mais de 7% do PIB em 2015 e 2016), o que permitiu cortes adicionais da taxa visando maior estímulo à economia.

“Em 2018, a meta da taxa Selic atingiu seu primeiro recorde de baixa histórica: 6,5% ao ano em março. A taxa Selic continuou caindo até fevereiro de 2020 ao nível de 4,25%, antes da pandemia chegar ao Brasil”, explica o economista.

2020: pandemia de coronavírus

A pandemia pode ter funcionado como impulso adicional para queda da Selic até o nível mais baixo da história, 2% ao ano, determinado pelo Copom do dia 05 de Agosto de 2020, visto que a falta de dinamismo econômico continuou sendo a razão do movimento de queda da taxa. Para explicar, o economista da DataZAP+ divide a pandemia em dois momentos.

“No primeiro momento, vemos países no mundo inteiro diminuindo suas taxas básicas de juros para estimular a economia, como fez o Copom aqui no Brasil. Em um segundo momento, a partir do fim de 2020, a inflação começou a aumentar globalmente devido aos estímulos econômicos em nível internacional concomitantemente à reorganização das cadeias de produção globais”, explica. Segundo análise do especialista, é possível dizer que a reação econômica à pandemia e o distanciamento social por ela imposto alavancou a inflação a partir de 2021.

Como a taxa Selic pode impactar o mercado imobiliário?

Quando a Selic aumenta, o custo de dar crédito também sobe. Sabemos que quanto maior o preço ofertado, menor o volume vendido, o que implica que um aumento da taxa Selic diminui o volume de crédito concedido, desacelerando ou até diminuindo a atividade econômica. “Este é um efeito geral para a economia toda, afetando o mercado imobiliário indiretamente, via renda das famílias”, diz Pedro.

Conforme dito pelo especialista, a taxa também afeta o mercado imobiliário diretamente por meio das taxas de juros de financiamentos imobiliários. “O imóvel é um bem cujo preço é um múltiplo da renda mensal das famílias. Para a maior parte delas é inviável comprar um imóvel sem passar pelo mercado de crédito”, afirma Tenório.

Como o financiamento imobiliário é uma operação bancária de crédito, um aumento da Selic pressiona as taxas de juros de financiamentos imobiliários a também aumentarem. Crédito mais caro, menos concessão – o que freia o mercado imobiliário residencial de compra e venda.


Fonte: https://imoveis.estadao.com.br/